domingo, 29 de maio de 2011

Ácido Linoléico Conjugado – CLA

Muitos pacientes vêm me perguntando sobre o uso de produtos semelhantes ao CLA (que naturalmente é encontrado em maiores concentrações na gordura de ruminantes, como, por exemplo, carne de gado, laticínios, entre outros), explico sua eficácia é controversa,  além disso tem este esclarecimento da ANVISA que alerta sobre o  uso do CLA e outro que suspende a sua comercialização no país.

Dessa vez simplesmente copiei e colei o texto na íntegra, depois comentarei sobre os  produtos que estão sendo utilizados como "substitutos" ao CLA consumidos atualmente, seus efeitos metabólicos em praticantes de adacemia que desejam perder massa gorda, que já estão com comprovação científica em estudos com seres humanos, não em fase inicial com testes positivos apenas em ratos de laboratório.

Espero que esclareça e tomem mais cuidado com o impulso da perda de peso rápida e milagrosa que leva ao consumo desses produtos sem prescrição profissional (médica ou nutricional), colocando sua saúde em risco e gerando gastos desnecessários.


ANVISA - Informes Técnicos

Informe Técnico nº 23, de 17 de abril de 2007

Esclarecimentos sobre as avaliações de segurança e eficácia do Ácido Linoléico Conjugado – CLA

I. Introdução
O ácido linoléico conjugado – CLA é um termo coletivo utilizado para descrever um grupo de isômeros geométricos e posicionais do ácido linoléico. Esses compostos podem ser produzidos naturalmente por hidrogenação e isomeração bacteriana no intestino de animais ruminantes ou podem ser produzidos quimicamente por meio da isomeração alcalina do ácido linoléico (Banni, 2002).

A alimentação dos seres humanos fornece pequenas quantidades de CLA oriundos da gordura do leite e de carnes de animais ruminantes, sendo que mais de 70% do CLA nesses alimentos é representado por apenas um isômero, o c9, t11-CLA (McLeod et al., 2004). Estimativas de ingestão de CLA por humanos variam de 140mg a 1g/dia, dependendo da metodologia utilizada e dos hábitos alimentares da população.

O CLA produzido quimicamente e disponível comercialmente em alguns países são preparações de misturas de isômeros, contendo geralmente 40% de c9, t11-CLA, 40% de t10, c12-CLA e 20% de outros isômeros (McLeod et al., 2004).

Para que as preparações comerciais contendo CLA possam ser comercializadas no Brasil como alimento é necessário que as empresas apresentem documentação científica comprovando a segurança de uso e eficácia das alegações dos produtos, uma vez que essas substâncias serão utilizadas em níveis superiores aos atualmente observados na alimentação da população brasileira.

Assim, os produtos contendo CLA podem ser avaliados na categoria de novos alimentos (Resolução nº. 16/1999) ou na categoria de alimentos com alegações de propriedade funcional (Resolução nº. 18/1999 e Resolução nº. 19/1999) e possuem obrigatoriedade de registro com base no disposto no Anexo II da Resolução RDC nº. 278/2005.

II. Objetivo
Comunicar os resultados das avaliações de segurança e eficácia do ácido linoléico conjugado – CLA realizadas até o momento pela Gerência de Produtos Especiais/ GPESP/GGALI da Anvisa.

III. Análise
A segurança e a eficácia do ácido linoléico conjugado isolado, nas formas líquidas ou em cápsulas, ou como ingrediente alimentar para ser adicionado em vários alimentos foram avaliadas em diversas ocasiões. Ao todo foram realizadas sete avaliações em um período de três anos. A primeira ocorreu em outubro de 2003 e a última foi concluída em outubro de 2006.

As principais questões e evidências científicas que levaram ao indeferimento de todas as solicitações realizadas até o momento estão sintetizadas a seguir:

- A ingestão de CLA recomendada pelas empresas supera em mais de vinte vezes as quantidades usualmente consumidas pela população, o que levanta preocupações quanto à segurança de uso desses produtos.

- Existem evidências científicas obtidas em animais de experimentação e em humanos demonstrando que a suplementação com CLA pode causar efeitos adversos.

- Estudos experimentais conduzidos em animais e estudos de revisão demonstraram que a suplementação de CLA pode levar ao aumento do fígado, esteatose hepática, hiperinsulinemia e diminuição dos níveis séricos de leptina (West et al., 1998; DeLany et al., 1999; West et al., 2000; Tsuboyama-Kasaoka et al., 2000; Kelly, 2001; Clement et al., 2002; Takahashi et al., 2002; Roche et al., 2002; Yamasaki et al., 2003; Poirier et al, 2005).

- Estudos randomizados duplo-cegos com homens obesos demonstraram que os grupos recebendo suplementação com o isômero t10, c12-CLA tiveram um aumento significativo da resistência à insulina, da glicemia, do estresse oxidativo e dos marcadores de inflamação e uma redução significativa dos níveis de HDL colesterol quando comparados com os grupos placebos (Riserus et al., 2002a; Riserus et al., 2002b).

- Indivíduos com diabetes tipo 2 suplementados com uma mistura de isômeros de CLA por oito semanas demonstraram uma diminuição dos níveis séricos de leptina (Belury et al., 2003).

- Riserus et al. (2004) demonstraram por meio de um estudo randomizado duplo-cego com homens obesos que a suplementação com o isômero c9, t11-CLA aumentou significativamente a resistência à insulina e a peroxidação lipídica quando comparado com o grupo placebo.

- Os mecanismos bioquímicos de ação dos diferentes isômeros e sua interação ainda não foram adequadamente elucidados e comprovados, sendo que a maioria desses dados é oriunda de estudos experimentais em camundongos e de estudos in vitro (Pariza, 2004; McLeod et al., 2004; Wang and Jones, 2004).

- As evidências existentes sugerem, por exemplo, que o CLA pode influenciar a apoptose e a diferenciação celular, alterar o balanço energético, inibir a lipogênese e aumentar a oxidação lipídica, entre outros (Pariza, 2004; McLeod et al., 2004; Wang and Jones, 2004).

- Os dados científicos sobre a eficácia do CLA em humanos também são controversos. Terpstra (2004) destaca que os estudos realizados em humanos sobre os efeitos da suplementação de CLA na perda de gordura corporal tiveram efeito consideravelmente menor do que os obtidos em estudos experimentais com ratos.

IV. Considerações Finais
Assim, as evidências científicas avaliadas até o momento não comprovam a segurança de uso e a eficácia do ácido linoléico conjugado isolado ou como ingrediente alimentar.

Os efeitos adversos observados em muitos estudos precisam ser melhores esclarecidos e entendidos. Também são necessários mais estudos bem controlados que elucidem adequadamente os mecanismos de ação dos diferentes isômeros e sua interação em seres humanos e que comprovem sua eficácia.

Portanto, com o intuito de proteger e promover a saúde da população, o ácido linoléico conjugado isolado ou como ingrediente alimentar para ser adicionado em vários alimentos não devem ser comercializados no Brasil como alimento até que os requisitos legais que exigem a comprovação de sua segurança de uso, mecanismos de ação e eficácia sejam atendidos.

VI. Referências
Banni S. Conjugated linoleic acid metabolism. Curr Opin Lipidol. 13:261–6, 2002.
Belury, M.A.; Mahon, A.; Banni, S. The conjugated linoleic acid (CLA) isomer, t10c12-CLA, is inversely associated with changes in body weight and serum leptin in subjects with type 2 diabetes mellitus. Journal of Nutrition.133:257S–60S, 2003.
Clement, L.; Poirier, H.; Niot, I. et al. Dietary trans-10, cis-12 conjugated linoleic acid induces hyperinsulinemia and fatty liver in the mouse. J. Lipid Res. 43:1400–9, 2002.
DeLany, J.P.; Blohm, F.; Truett, A. A.; Scimeca, J.; West, D.B. Conjugated linoleic acid rapidly reduces body fat content in mice without affecting energy intake. American Journal of Physiology. 276:R1172–9, 1999.
Ha, Y. L.; Grimm, N. K.; Pariza M. W. Anticarcinogens from fried ground beef: heat altered derivatives of linoleic acid. Carcinogenesis. 8:1881–7, 1987.
Kelly, G. S. Conjugated linoleic acid: a review. Altern Med Rev. 6:367–82, 2001.
McLeod, R. S.; LeBlanc, A. M.; Langille, M. A.; Mitchell, P. L. and Currie, D. L. Conjugated linoleic acids, atherosclerosis, and hepatic very-low-density lipoprotein metabolism. American Journal of Clinical Nutrition. 79 (suppl):1169S–74S, 2004.
Pariza, M. W.; Hargraves, W. A. A beef-derived mutagenesis modulator inhibits initiation of mouse epidermal tumors by 7,12-dimethylbenz [a]anthracene. Carcinogenesis. 6:591–3, 1985.
Pariza M. W. Perspective on the safety and effectiveness of conjugated linoleic acid. American Journal of Clinical Nutrition. 79 (suppl):1132S– 6S, 2004.
Poirier, H.; Niot, I.; Clément, L.; Guerre-Millo, M.; Besnard, P. Development of conjugated linoleic acid (CLA)-mediated lipoatrophic syndrome in the mouse. Biochimie, 87: 73-79, 2005.
Riserus, U.; Arner, P.; Brismar, K.; Vessby, B. Treatment with dietary trans10cis12 conjugated linoleic acid causes isomer-specific insulin resistance in obese men with the metabolic syndrome. Diabetes Care. 25:1516–21, 2002a.
Riserus, U.; Basu, S.; Jovinge, S.; Fredrikson, G. N.; Arnlov, J.; Vessby, B. Supplementation with conjugated linoleic acid causes isomer-dependent oxidative stress and elevated C-reactive protein: a potential link to fatty acid-induced insulin resistance. Circulation.106:1925–9, 2002b.
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Roche, H.M.; Noone, E.; Sewter, C. et al. Isomer-dependent metabolic effects of conjugated linoleic acid: insights from molecular markers sterol regulatory element-binding protein-1c and LXRalpha. Diabetes. 51:2037–44, 2002.
Takahashi, Y.; Kushiro, M.; Shinohara, K.; Ide, T. Dietary conjugated linoleic acid reduces body fat mass and affects gene expression of proteins regulating energy metabolism in mice. Comp Biochem Physiol B Biochem Mol Biol.133:395–404, 2002.
Terpstra, A. H. M. Effect of conjugated linoleic acid on body composition and plasma lipids in humans: an overview of the literature. American Journal of Clinical Nutrition. 79: 352–61, 2004.
Tsuboyama-Kasaoka, N.; Takahashi, M.; Tanemura, K. et al. Conjugated linoleic acid supplementation reduces adipose tissue by apoptosis and develops lipodystrophy in mice. Diabetes. 49:1534–42; 2000.
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West, D.B.; Blohm, F.; Truett, A. A.; DeLany, J.P.; Conjugated linoleic acid persistently increases total energy expenditure in AKR/J mice without increasing uncoupling protein gene expression. Journal of Nutrition. 130:2471–7, 2000.
West, D.B.; DeLany, J.P.; Camet, P.M.; Blohm, F.; Truett, A. A.; Scimeca, J. Effects of conjugated linoleic acid on body fat and energy metabolism in the mouse. American Journal of Physiology. 275:R667–72, 1998.
Yamasaki, M.; Ikeda, A.; Oji, M. et al. Modulation of body fat and serum leptin levels by dietary conjugated linoleic acid in Sprague-Dawley rats fed various fat-level diets. Nutrition.19:30–5, 2003.



Anvisa Publica
Notícias da Anvisa

Brasília, 16 de fevereiro de 2009 - 13h25
Alimentos: Interditados produtos com substância proibida

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, nesta segunda-feira (16), a interdição cautelar de quatro lotes de óleo de cártamo das empresas: Luciane Nicolau dos Santos Nogueira, WW Sports Importadora Exportadora Comercial Ltda , Dominium Trading Com. Importação Exportação Ltda e Performance Trading Imp. Export. Ltda. A decisão da Agência é baseada em laudos do Instituto Adolfo Lutz , que detectaram a presença da substância Ácido Linoléico Conjugado (CLA), nestes alimentos.

Por não haver comprovação da segurança de uso e eficácia, o CLA não é permitido em alimentos no Brasil desde 2007. Nos alimentos interditados cautelarmente pela Anvisa foram encontrados quantidades de CLA superiores a 70% da composição do produto. 

Os lotes de óleo de cártamo interditados não podem ser comercializados e nem devem estar acessíveis à população nos pontos de venda. Conforme procedimentos normativos, os lotes ficarão interditados por até 90 dias.

De acordo com a lei 6437/1977, as infrações sanitárias são apuradas em processo administrativo próprio, iniciado com a lavratura de auto de infração, observados o rito e prazos estabelecidos nesta lei. Caso sejam comprovadas as irregularidades, as empresas envolvidas estarão sujeitas às sanções legais, inclusive multa que pode chegar a R$ 1,5 milhão.

Óleo de cártamo
O óleo de cártamo é um óleo vegetal com registro obrigatório junto à Anvisa, sendo enquadrado na categoria de Novos Alimentos ou Ingredientes. Essa categoria abrange alimentos sem tradição de consumo no país, alimentos contendo substâncias já consumidas e que entretanto venham a ser adicionadas ou utilizadas em níveis muito superiores aos atualmente observados nos alimentos que compõem uma dieta regular e alimentos apresentados nas formas de cápsulas, comprimidos, tabletes e outros similares.

O Óleo de Cártamo não possui Ácido Linoléico Conjugado (CLA) em sua composição. No entanto, esse óleo é uma matéria-prima utilizada para produção sintética de CLA devido à quantidade elevada de ácido linoléico (ômega 6).

Orientação

As informações sobre o lote e o prazo de validade constam do rótulo dos produtos. O consumidor que tiver adquirido algum dos produtos cujos lotes estão interditados não deve consumi-lo.

Em caso de sintomas inesperados, o consumidor deve procurar orientação médica. Mais informações pode ser obtidas por meio da Ouvidoria da Anvisa, pelo e-mail:ouvidoria@anvisa.gov.br.

Referência:


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